Ontem a noite estava muito quente. O ventilador já não dava conta de refrescar o quarto. Dormir tornou-se uma missão impossível. E no escuro abafado do meu quarto comecei a pensar sobre muitas coisas.
Sabe, eu assisti muitos filmes estes dias, por conta do repouso forçado, e em todos eles tinham algum personagem em algum momento que olhava pra trás e via que sua vida não havia sido aquela que ele sonhara.
Me peguei então pensando sobre as coisas que eu sonhei pra mim. Quem eu era antes de ser quem eu sou?
Eu queria ser fotografa da National Geograph, historiadora, oceanografa, repórter internacional, advogada. Ah! e não vou mentir, nos meus tempos áureos de volei sonhei em ir para a seleção brasileira. Sonho frustrado por um par de joelhos traiçoeiros.Queria ser algum tipo de heroína. Uma mulher desbravando o mundo!
Eu era briguenta, teimosa, respondona. Tinha resposta rápida pra qualquer tipo de "ataque". Respostas ferinas, duras e cheias de verdade. Da minha pelo menos. Eu discutia muito, por tudo e qualquer coisa. Minha mãe ficava louca e as discussões com meu pai eram intermináveis.
Eu era bonita mas muito, muito tímida. Tão tímida que a maioria das pessoas me achava uma metida, por não conversar com os outros. Eu tive poucos amigos no colégio. Apenas aqueles que se arriscavam a falar um oi, talvez, e após eu responder percebiam que eu não era tão antipática assim.
Meus "amores" eram todos platônicos porque eu sempre achava que se o garoto gostasse de mim ele tinha que perceber que por trás daquela faixada de garota metida estava uma jovem rômantica,esperando seu príncipe chegar. Mas quando eles tentavam se aproximar eu os afastava, morrendo de medo por ter os sentimentos descobertos.
Então eu me abri uma vez. E sofri muito. Ele foi desleal, traiçoeiro, falso. Cruel. E eu me fechei. Não quis mais amar.
Mas ai, ahá, mas ai...sabe aquele príncipe que eu esperava? chegou. Ele foi quebrando pedacinho por pedacinho da armadura que eu havia construído e quando eu vi, estava lá, de alma desnuda e coração aberto, pronta para amá-lo. Eu recebi dele todos aqueles pequenos gestos que a gente sonha e que imagina que nunca vai sair dai, da imaginação.
Ok, eu confesso, nem tudo foi perfeito, longe disso.Somos humanos. Ele me magoou muitas vezes e com certeza eu o magoei também. E nesse amor, nesse aprender a amar eu fui me transformando. Me perdi e me reencontrei tantas e tanta vezes...
Hoje eu não sou fotografa da National Geograph, mas brinco muito bem de tirar fotos. Já ganhei até um segundo lugar em um concurso.Eu não sou 'a' repórter em busca de informações que podem transformar a vida da nossa sociedade, mas escrevo algumas bobagens. Já fui publicada em alguns jornais. Tive até um momento estrela quando um senhor trouxe um artigo meu que havia sido publicado em algum lugar e me parabenizou pelo conteúdo. Eu posso escrever sobre qualquer coisa, qualquer tema. Principalmente se eu estiver emocionalmente envolvida! Dai vem a enxurrada de palavras!(rs)
Não sou oceanografa, nem viajo o mundo a trabalho conhecendo lugares e lugares maravilhosos. Não sou advogada mas mantenho meu senso de justiça e verdade. Odeio injustiças e deslealdade. Não sou atleta da seleção mas voltei a praticar meu volei querido, parceiro de tantas crises, onde extrapolo amor e dor. Até jogo num time de verdade!
Já não tenho respostas rápidas e crueis. Não jogo a verdade na cara das pessoas. Eu me calo. Errôneamente, eu me calo. Não me sinto no direito de ofender ninguém, nem meu algoz. Acho que posso contar nos dedos as vezes em que gritei com alguém nos últimos tempos...e não são boas recordações pois não foram palavras de alegria nem de comemoração, foram palavras de dor e de sofrimento.
Não me fecho pro mundo, mas ainda sou seletiva quanto as pessoas que levo para minha vida. Demoro muito pra confiar em alguém. Nunca traí ninguém na minha vida, em nenhum sentido fui desleal. E é isso que espero dos outros também. Eu não sou perfeita e nem sei se já cresci. Me sinto muito criança as vezes. A adolescente durona se tornou uma mulher cheia de infantilidade. kkkkkk quem esperaria por essa?
Não julgo ninguém. Aceito os outros como são. Pelo menos tento. Ah! não sei ser falsa e tenho uma intuição tremenda para pessoas que não prestam. Eu escuto a minha intuição, ela nunca me engana.
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