domingo, 18 de julho de 2010

Daqui a um ano...

Faz um ano...
Quantas vezes repeti esse pensamento neste final de semana? Já não sei.
O que sei é que, não sei ao certo como me sinto em relação a isso.
Um ano atrás uma grande coisa aconteceu. Um grande pedaço de mim se quebrou.
Lembro de como me senti. Lembro exatamente de como acordei no dia seguinte. Lembro das milhões de perguntas que meu coração fazia e que eu só sabia responder com lágrimas.
Mas lembro também dos dias que se seguiram, das palavras que ouvi, dos abraços que recebi. Lembro dos desencontros e encontros de dois corações confusos e magoados.
Foi difícil. Mas estamos seguindo.
Agora, ao som do sempre Elvis, sentindo cada palavra dele tocar meu coração, sinto algo brotando em mim. Como nas suas melodias, algo que vai aumentando de escala, subindo e subindo e quando a gente menos espera, já tomou conta da emoção...
Hoje, um ano depois, foi tudo diferente. Acordei feliz, ao lado de quem amo.
Acho que isso é tudo o que importa.
O que quero dizer é: Se algo te faz sofrer hoje, daqui a um ano tudo vai ser diferente. A vida se reconstrói. A gente se reconstrói.
Viva Elvis!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A corrida da vida

Teve um tempo em que eu acreditava piamente que o fato de estar correndo na roda da vida adulta me isentava da ausência, da falta que eu poderia estar fazendo a alguém.
Corria e corria. Trabalhava e trabalhava. Estressava, não dava atenção, vivia cansada, não sorria, não estava realmente em lugar nenhum.
As frases do MSN eram "Desculpe a ausência, estou trabalhando", "Trabalhando, seja breve!", ou "Keep out!".
Não tinha tempo para conversas mais profundas, para ouvir o problema de um amigo, para viver a vida de casada, para saídas no final de semana, para almoços com a família, para curtir o momento presente sem pensar no que faria no seguinte...só corria.
Todos tinham que entender meu estresse, minha cara fechada, minha indisposição...afinal eu estava trabalhando!
Só que na corrida, tropecei e cai. E senti que eu não teria forças para levantar sozinha. E por muito tempo fiquei lá parada, vendo os outros corredores passando por mim e seguindo em frente, pensando em como eu poderia prosseguir, tamanha era a dor do meu ferimento. Achei que desistiria ali.
Mas olhando pra trás, ali, virando a curva, começaram a surgir aquelas pessoas que eu havia ultrapassado, devido a minha marcha alucinada. Elas vinham, assim, em passo mais leve, sorrindo, acompanhadas, curtindo o passeio. Essas pessoas pararam, me ofereceram apoio e me carregaram por alguns metros.
Diminuiram ainda mais sua marcha para que eu pudesse acompanhá-las, para que eu pudesse me recuperar. Eu já não conseguia correr, então eu caminhava, um passo de cada vez. Sentindo toda e qualquer vibração da passada, sentindo sempre um braço por perto quando eu vacilava.
Comecei a olhar ao redor, a parar quando me sentia cansada, a ver efetivamente as pessoas, a me importar com o que elas diziam...A minha insana corrida, transformou-se em uma caminhada prazerosa.
Redescobri o prazer que me atingiu nos primeiros passos, quando eu apreciava a paisagem e sentia o ar entrar pelos pulmões, o sol bater no rosto, a brisa que chegava quando o dia estava quente, a deliciosa gargalhada que vinha quando menos se esperava e de algo que a gente nem entendia!
Meu ferimento ainda dói. As vezes ele lateja e me faz caminhar mais devagar. Mas quando isso acontece, eu sempre ganho um sorriso extra, um abraço mais apertado, um momento inesquecível, uma emoção verdadeira...
Infelizmente, ainda vejo muita gente que eu gosto correndo na mesma roda que eu corria, usando as mesmas desculpas e frases que eu usava..."não tenho tempo, não posso, esqueci, vou ver como as coisas vão ficar, estou ocupado..." E todas elas traduzem um único pensamento : "Se liga! Tô trabalhando! Não tá vendo? Não tem nada pra você fazer?"
Você deve estar achando que eu sou contra o trabalho não é? Muito pelo contrário, eu mesma adoro trabalhar e me envolver em um monte de coisas. Sei da satisfação que se sente ao realizar alguma coisa. Adoro trabalhar!
Só estou atentando para o fato de que muitas vezes a gente faz do trabalho nossa vida, e deixa as pessoas de lado. Eu tive sorte, ao ser resgatada depois do tombo...mas nem todos têm essa sorte.
Então quando sair do trabalho hoje, deixe ele lá, as preocupações lá, o que tem que fazer amanhã lá, e dedique-se as pessoas que fazem parte da sua vida hoje.
Mande um torpedo dizendo um oi, ligue pra ver como está, mande um e-mail, enfim, mostre-se presente. E se alguém procurar sua ajuda, o acolha com carinho. Ninguém sabe quando pode tropeçar...
Beijos na alma!